Exterminadores de sonhos e vidas
Não creio que o tempo
Venha comprovar
Nem negar que a História
Possa se acabar
Basta ver que um povo
Derruba um czar
Derruba de novo
Quem pôs no lugar
(Gilberto Gil)
No mundo da
opressão, da truculência, do neototalitarismo, do mercado, do consumo, do
capital, a irracionalidade é soberana. O fim dos tempos não é força de
expressão, é literal. O fim da história deixa de ser teoria liberal para
representar o fim da humanidade. São os exterminadores de sonhos e de vidas.
Madeira,
Araguaia, Tocantins, Xingu, Teles Pires, Jamanxin, Tapajós, não são mais rios.
São fontes energéticas para as grandes empresas, indústrias, mineradoras. São
fontes de dinheiro fácil e certo, recursos públicos para empreiteiras. São
fontes de poder, conchavos, acordos espúrios que alimentam governos,
empresários e políticos corruptos.
O Complexo
Hidrelétrico do Tapajós, projeto que engloba a construção de 05 grandes
barragens nos rios Tapajós e Jamanxin, Estado do Pará, apresentado pelo governo
brasileiro em 2009, entre outros danos alagará mais de 200 mil hectares de
florestas preservadas, localizadas em Unidades de Conservação Federais e Terras
Indígenas.
Os técnicos
do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) realizaram
análise sobre o projeto apresentado pelo governo, e informaram através do
Memorando nº31/2011 que “O projeto apresentado não indica nenhuma medida
mitigadora, ou faz referencia sobre quais as providências que serão tomadas em
relação à vegetação e a fauna que serão atingidas pelo alagamento”.
A genial
saída que o governo encontrou para poder inundar Unidades de Conservação que
legalmente não podem ser afetadas, algumas destas criadas há quase 40 anos, é
emitir uma Medida Provisória reduzindo o tamanho destas áreas. Assim, como num
fantástico passe de Leon Mandrake, o problema desaparece. Cômico ou trágico?
Em nome de
um desenvolvimento autofágico o governo brasileiro, desvairadamente,
alucinadamente, segue com seu plano de barrar os rios, obstaculizando a vida na
Amazônia. Não existem considerações técnica ou parâmetros jurídicos que o faça
recuar desta insanidade.
Com tudo
isso, nos manifestamos contra a redução no tamanho das Unidades de Conservação
no Tapajós, locais que contribuem com a vida e o futuro de ribeirinhos,
indígenas, quilombolas, extrativistas, pescadores, povos das zonas rurais e
urbanas. Exigimos que o governo brasileiro abandone completamente este projeto
de destruição e morte, que apenas beneficiará os donos das grandes industrias,
empreiteiras e mineradoras, e incrementará o caos social e ambiental na região.
Acreditamos
que a saída para os povos do Tapajós é continuar resistindo. Lutando pela vida
dos rios, da floresta, pelas suas próprias vidas, de seus pais, de seus filhos.
Mostrando que o fim da história ainda não chegou, pois o fim da história é a
felicidade para os seres humanos, e não para o mercado e o lucro econômico.
Itaituba,
Santarém, e Belém, 15 de julho de 2011
ASSINAM ESTA
NOTA:
- Associação
Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC)
- Associação
Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG)
- Associação
Indígena Tembé de Santa Maria do Pará (AITESAMPA)
- Associação
dos Empregados do Banco da Amazônia (AEBA)
- Associação
dos Concursados do Pará (ASCONPA)
- Comissão
Pastora da Terra (CPT/PA)
- Conselho
Indigenista Missionário Regional Norte II (CIMI)
- Comitê
Dorothy
- Companhia
Papo Show
- Coletivo
de Juventude Romper o Dia
- Central
Sindical e Popular CONLUTAS
- Diretório
Central dos Estudantes/UFPA
- Diretório
Central dos Estudantes/UNAMA
- Diretório
Central dos Estudantes/UEPA
- Federação
de Órgãos para Assistência social e educacional (FASE - Amazônia)
- Fórum de
Mulheres da Amazônia Paraense (FMAP)
- Fundação
Tocaia (FunTocaia)
- Fórum da
Amazônia Oriental (FAOR)
- Fórum
Social Pan-amazônico (FSPA)
- Fundo
Dema/FASE
- Grupo de
Mulheres Brasileiras (GMB)
- Instituto
Amazônia Solidária e Sustentável (IAMAS)
- Instituto
Universidade Popular (UNIPOP)
- Instituto
Amazônico de Planejamento, Gestão Urbana e Ambiental (IAGUA)
- Movimento
de Mulheres do Campo e da Cidade do Estado do Pará (MMCC-PA)
- Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
- Movimento
dos Atingidos por Barragens (MAB)
- Movimento
Luta de Classes (MLC)
- Mana-Maní
Círculo Aberto de Comunicação, Educação e Cultura
- Movimento
Hip-Hop da Floresta (MHF/NRP)
- Partido
Socialismo e Liberdade (PSOL)
- Partido
Comunista Brasileiro (PCB)
- Partido
Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU)
- Rede de
Educação Cidadã (RECID)
- Rede de
Juventude e Meio Ambiente (REJUMA)
- Sociedade
Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH)
- Sindicato
dos Trabalhadores do Serviço Público Federal do Pará (SINTSEP/PA)
- Sindicato
Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN)
- Sindicato
dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Gestão Ambiental do Estado do Pará
(SINDIAMBIENTAL)
-
Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Belém e Ananindeua
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